FREUD (1893-1895) ESTUDOS SOBRE A HISTERIA- Anna O.

 


INICIAMOS O NOVO SEMESTRE NA FACULDADE PAGANDO A CADEIRA DE PSICANÁLISE:TEORIA E TÉCNICA - onde iniciamos a leitura de uma obra de FREUD que muito me chamou atenção.

A obra aborda casos clínicos de histeria, e em sala de aula (ainda com aula remota) iniciamos a leitura e debate referente aos casos lidos na obra.

Para estudar histeria Freud escreveu junto com o médico Breuer os estudos sobre a histeria - obra principal para compreensão da psicanálise - relatando os casos de cinco pacientes, entre eles "Anna O.".

Eles relatam que por haverem sufocado a memoria dos eventos que originaram a doença, eles sofrem. É preciso trazer de volta esses traumas, através da hipnose, mas, como não funciona Freud passa a recorrer à associação livre, tornando seu método ainda mais complexo.


CASOS CLINICOS

1. SRTA. ANNA O.

No presente texto será abordado o caso clinico da Anna O., 21 anos, adoeceu  em 1880, parece ter uma carga neuropática moderadamente forte, em virtude de algumas psicoses ocorridas em sua extensa família. 

Ela própria sempre fora saudável, sem qualquer nervosismo durante seu período de desenvolvimento; intelecto vigoroso. Rico talento poético e dom da fantasia, controlados por um entendimento muito penetrante e critico. 

 O caso de Anna O. é, por muitos, considerado o caso número zero da psicanálise e por isso teve grande influência no desenvolver dessa escola da psicologia. Anna O. era na verdade um pseudônimo  criado por Dr. Breuer para a jovem aristocrata em Viena Bertha Pappenheim. Diferente do que muitos pensam, o caso Anna O. não foi de Freud mas sim de Joseph Breuer e Freud foi apenas convidado a participar do caso como um supervisor. 

Anna O. foi tratada durante os anos de 1981 à 1982 quando tinha 21 anos e começou a apresentar alguns sintomas de histeria como delírios e alucinações, estrabismo, dores no braços e nas pernas e em seguida rigidez nos mesmos. Ela foi então analisada pelo Dr. Breuer que não percebeu nada “anormal”, no entanto, quando começou a falar tudo que estava dentro de seu peito, no seu íntimo, houve um melhora significativa, foi quando Breuer se dispôs a ouvi-la todas as tardes.

Segundo Breuer a histeria de Anna O. foi causada pelo que ele chamava de “estados hipnoide, ou seja, o ato de devanear, perder-se em pensamentos e leitura. Os delírios de Anna O. aconteciam todos os dias no inicio da noite e ele sempre ia ouvi-la, o que parecia ajudar a paciente.

Ao começar a tratar Anna O. Dr. Breuer percebeu outros sintomas interessantes no caso dela como mutismo e surdismo temporal que aconteciam geralmente quando havia muitas pessoas ao seu redor ou quando era sacudida, houve momentos em que Anna O. parou de falar o alemão e passa a falar apenas o inglês ou francês e italiano sem se dar conta e etc. É nesse momento que Breuer convida Freud para fazer uma “supervisão” do caso. Após certo tempo de tratamento e melhoras Anna O. é abalada pela morte do pai que acaba agravando os sintomas da histeria.    

Os sintomas de Anna O. se tratavam de um conjunto de sintomas que foram remetidos a cenas de origem, cenas traumáticas, por intermédio de uma ação hipnótica praticada por Breuer.

Por exemplo, o sintoma de não ouvir quando alguém entrava na sala foi remetido a uma primeira vez em que ela não ouviu o pai entrar na sala e foi repreendida por estar distraída, um vez que foi repreendida pelo pai ela nutriu sentimentos hostis pelo pai e quis reagir mas não o fez, tendo assim reprimido o sentimento que mais na frente produziu um sintoma em que ela não conseguia ouvir quando alguém entrava no cômodo.

Um segundo sintoma que chamou atenção foi que em conversar três ou mais pessoas ela não conseguia compreender, perdia a concentração e este sintoma remetia a uma determinada vez em que estava em uma conversa com diversas pessoas e foi repreendida pelo pai por estar “aérea” e por ter sido assim indelicada com um do convidados.

A sua surdez seletiva quando estava em uma carruagem ou era sacudida por alguém estava associada a uma determinada vez em que foi sacudida pela irmão quando ela estava ouvindo conversas pela porta no quarto dos pais ou quando foi empurrada na carruagem para causar-lhe um susto, então em sua histeria esse sintoma aparecia.

Tudo isso foi descoberto durante as sessões de hipnotismo, o método catártico, que Anna O. intitulou de “limpeza da chaminé” ou “talking cure” que seria uma cura pela palavra, ela se sentia curada ao falar o que estava sentindo. Foi algo que se tornou cada vez mais constante, no entanto, enquanto falava e os sintomas iam se resolvendo outros também começaram a surgir, foi então que Freud começou a perceber que a paciente começou a se envolver demais com o Dr. Breuer, de forma a querer mais sua proximidade, a chegar num determinado ponto em que ela desenvolve um tipo de gravidez psicológica, um certo dia ela começa a gritar consternada que precisa de mais uma sessão com o Dr. Breuer e que o filho do Dr, Breuer está chegando. Isso deixa todos preocupados. É então que Freud fica intrigado e começa a questionar “o que esta acontecendo que fez com que essa paciente desenvolva uma espécie de fantasia com o seu médico?”, é essa fantasia que Freud chama de transferência.

O caso de Anna O. é apresentado como um caso de reestabelecimento, de cura pelo método catártico e hipnótico.

Mais tarde Anna O. tornou-se uma escritora e publicou alguns livros de contos, também se dedicou a uma instituição que acolhia jovens grávidas e abandonadas por suas famílias e companheiros, foi a partir dai que Anna O. começou a ter uma vida laboral junto a essas pessoas.

Esse caso nos mostra como a uma reversibilidade dos sintomas, que os sintomas estão relacionadas as cenas originarias, e que deve haver uma dissociação entre o que a gente pensa e sente, o que queremos fazer e o que fazemos.

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